“Tudo indica que 2024 será um bom ano para startups e scaleups que procuram capital”

Associação que representa os business angels organiza a terceira edição do Investors Dinner. Além de debater o estado do ecossistema nacional, vai distinguir os melhores investidores e investimentos do setor.

Associação que representa os business angels organiza a terceira edição do Investors Dinner. Além de debater o estado do ecossistema nacional, vai distinguir os melhores investidores e investimentos do setor.

No ano passado, o capital levantado pelos empreendedores em Portugal sofreu uma quebra superior a 50% face aos quase 600 milhões de euros angariados em 2022, mas este ano a tendência deverá inverter-se. “Em termos de investimento em startups, o ano de 2024 começou bem quando comparado com o ano passado, sendo que já ultrapassou os montantes investidos em 2023, de acordo com os mais recentes dados da Startup Portugal. Como há muita liquidez no mercado de investimento em early stage [fase inicial] e bons projetos a levantar rondas, tudo indica que 2024 será um bom ano para as startups e scaleups que procuram capital”, diz Lurdes Gramaxo, presidente da Associação Portuguesa de Investidores em Early Stage – Investors Portugal, em entrevista ao Dinheiro Vivo.

Já o barómetro que a associação realiza semestralmente revelava, no final do ano passado, que os investidores “estavam otimistas quanto ao volume e quantidade de novos investimentos a concretizar na primeira metade de 2024”.

Lurdes Gramaxo considera que para impulsionar este tipo de investimento, “o ecossistema empreendedor em Portugal precisa de previsibilidade e estabilidade no enquadramento legal, nos incentivos fiscais e nos programas de financiamento de médio e longo prazo, com o eventual reforço das parcerias entre o Banco Português do Fomento (BPF) e o Fundo Europeu de Investimento (FEI) de forma a tornar regulares os programas de ‘fundo de fundos’ para capital de risco e linhas de financiamento para business angels”.

Além disso, diz que vê “potencial no programa do Governo”, e sublinha que “o capital de risco e os business angels têm sido fundamentais para alavancar negócios inovadores e transformadores da economia”, o que faz com que a associação “acalente a expectativa de que serão tomadas medidas de incentivo aos investidores que decidam alocar o seu capital neste tipo de ativos e que seja possível que essas políticas de incentivos perdurem no tempo para além dos ciclos políticos”.

Lurdes Gramaxo sublinha ainda que “o programa também refere a vontade de eliminar ou minimizar custos de contexto, burocracias excessivas e tempos de resposta longos que causam tanta entropia ao setor onde a rapidez de decisão e a capacidade de execução são os principais impulsionadores do sucesso”, mas que a associação aguarda medidas concretas nesse sentido.

Especificamente sobre o Banco de Fomento, Lurdes Gramaxo considera que a instituição “tem procurado encontrar o seu caminho, embora ainda esteja numa fase que podemos chamar de construção”, e que neste processo deve “ouvir mais o mercado e os parceiros”.  “O BPF, nesta fase, está muito espartilhado com as regras e prazos restritivos do PRR, mas a nossa expectativa é que encontre soluções mais adequadas ao setor do capital de risco no pós-PRR, que é já em 2025/2026”, afirma.

Criada em 2021, fruto da fusão entre a APBA (Associação Portuguesa de Business Angels) e a FNABA (Federação Nacional de Business Angels), a Investors Portugal começou a organizar, no ano seguinte, “um evento anual para celebrar o investimento e os investidores, e para dar visibilidade ao que melhor se faz neste setor”. Nasceu assim o Investors Dinner, que no próximo dia 27 realiza a sua terceira edição.

Este ano serão debatidos dois  temas:  a relevância dos desinvestimentos (exits) como fator chave de desenvolvimento do investimento early stage, e a importância dos critérios ESG na escolha dos investimentos (Ambiente, Social e Governança). Lurdes Gramaxo explica que o desinvestimento “tem sido pouco discutido e pouco trabalhado em Portugal. O crescimento do ecossistema e o seu amadurecimento tem tornado este tema ainda mais relevante, daí a sua escolha como tema de debate nesta edição do Investors Dinner”.

Este ano o evento conta com uma novidade. Além da entrega dos habituais prémios Early Stage Investor of the Year (que distingue o maior investimento de um investidor português), Investment of the Year (para a maior ronda de investimento de uma startup portuguesa) e ESG Award of the Year (que premeia a melhor estratégia ESG), será atribuída uma nova distinção: Angel of the Year. Este prémio “pretende homenagear um business angel individual com impacto relevante no setor através da sua atividade junto das startups em que investe”, nota a Investors Portugal.

In Dinheiro Vivo 23 junho, 2024

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