Dia Internacional da Mulher | Seis mulheres em cargos de chefia revelam desafios e propõem soluções. Porque a disparidade de géneros no mundo do trabalho existe.

Lurdes Gramaxo é presidente da Investors Portugal – Associação Portuguesa de Investidores Early Stage, desde 2022, e partner e membro do conselho executivo da Bynd Venture Capital, desde 2015. Formada em Psicologia e Gestão, tem mais de 25 anos de experiência como CEO / CFO / CCDO em empresas multinacionais e está há mais de 15 anos ligada ao movimento associativo empresarial em Portugal e na Europa, tendo sido presidente da EUROCORD por dois mandatos.

Para assinalar o Dia Internacional da Mulher, a Human Resources Portugal conversou com seis mulheres de diferentes áreas e percursos profissionais. O que as une? Têm cargos de chefia e gerem negócios e pessoas. Falam sobre desafios, características de liderança, e dão as suas perspetivas do que falta fazer para alcançar a paridade de género no mundo do trabalho… e na sociedade.

Qual o maior desafio da vossa carreira até à data? Lurdes Gramaxo: O maior desafio profissional foi inerente à condição de ser uma mulher num mundo masculino e, por vezes, ter sido influenciada por esse facto, mesmo inconscientemente, nas escolhas que fui fazendo ao longo da vida. Ser mulher em funções de liderança traz desafios acrescidos? Quais? Lurdes Gramaxo: Embora tenha havido uma grande evolução desde o tempo em que comecei a trabalhar, continua a ser mais desafiante para uma mulher do que para um homem exercer funções de liderança. Precisamos de demonstrar, em permanência, uma maior dedicação e as avaliações são mais exigentes e críticas. Além disso, é ainda mais difícil conjugar a vida pessoal com a profissional, recaindo ainda sobre as mulheres a maior fatia da carga mental. Conseguem identificar uma característica de liderança que distingue as mulheres dos homens? Lurdes Gramaxo: Não me parece haver características inatas de liderança ligadas ao género. Embora seja muito subjetivo, existem características de liderança pessoais, relacionadas com a experiência, educação e formação que conduzem a que as mulheres sejam mais inclusivas, mais abertas à diversidade e com maior grau de aceitação da opinião dos outros quando assumem funções de liderança. A disparidade entre homens e mulheres no mundo do trabalho existe, é um facto – quer a nível salarial, quer nas oportunidades para chegar a funções de topo. Que medida acreditam que podia contribuir para mudar isso mais rapidamente do que ao ritmo a que estamos a evoluir nesta matéria? Lurdes Gramaxo: Há uns anos acreditava que a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres era uma questão de tempo. As mulheres acediam cada vez mais à educação, com melhores resultados e adquiriam cada vez mais competências. Atualmente, já não acredito que um dia atingiremos uma sociedade ideal em que a competência é o fator que determina que alguém fique com o lugar. Acredito, sim, que é preciso que a legislação obrigue a caminharmos para uma paridade, impondo quotas e obrigando a igualdade salarial entre géneros. Outra medida para atingir esse fim consiste na eliminação dos estereótipos de género na educação das crianças, desde a mais tenra idade, que a família, a escola e a sociedade vão transmitindo e que levam as raparigas a fazer escolhas que as podem prejudicar no sucesso profissional futuro.

in Human Resources Portugal, 8 março 2024

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